Do «Comércio do Porto XLVI- Ano--- 141»
«Sinfães, 14 de Junho de 1898
Quando a nossa gente do campo sorria em face do corrente ano agrícola, em um abrir de mão, vê-se em luta com a fome e com a
desgraça"!
As colheitas foram por complecto desbaratadas por um terrível temporal que se desencadeou sobre esta vila na tarde de ontém.
A chuva torrencial inundou e destruiu os campos e plantas e uma demorada e forte chuva de grandes pedras de saraiva veio a
completar o tristíssimo quadro de destruição.
Por onde este terrível temporal passou levou tudo quanto na sua marcha estruidora encontrou.
É horrivelmente triste a vista dos nossos campos!... tudo arrazado, destruido e perdido!
Os prejuizos são grandes, não só na agricultura, mas nas estradas, caminhos e habitações.
Informaremos mais detalhadamente na próxima correspondência. A.»
Não encontrei ainda o jornal com o resto da notícia, mas sei por aquilo que ouvi contar que neste dia treze de Junho, dia de Santo
António,de 1898, uma grande troba de água levou a Casa da Cruz e o caminho que era ladeado pelo ribeiro, por onde afluiu o maior volume de água.No lugar da casa, outra foi construida. O caminho nunca foi restaurado e começou a ser usado outro, mais íngreme e com mais curvas, tal como ainda hoje se encontra pelo sítio que se chama «Ribeiro».
Pias é um lugar pequeno onde cada sítio tem o seu nome. Começando de baixo para cima temos:a Ponte, o Ribeiro, a Azenha, o Relógio do Sol,
o Campo, as Portas, o Olival Basto, o Outeiro. A Rua, o largo da Cruz, a Estrada Nova, o Cimo do lugar. Ainda temos a Landeira, as Cavadas, o Senso.
Estes sítios também identificavam as pessoas: o «Adelino da Ponte»; a «Albertina do Ribeiro»; a «Silvina da Azenha»; a «Maria das Portas; a «Augusta do Outeiro»; a «Cândida da Cruz»; a «Tereza das Cavadas; a Felisbela do Cimo do Lugar»; a Arminda do Senso».